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sábado, 12 de setembro de 2015

Lua de Mel

E se tu abrisse a porta
E me arrancasse a roupa
Sem dizer palavra?
Se me pegasse dormindo
E me cravasse a boca 
Afundando em mim?
E se tu se aproximasse
E dissesse safadezas no ouvido?
E se essa noite você sussurrasse
Que me engole viva.?E se tu se entregasse
Se tu me pegasse
E me deixasse em brasa?
E se você se lembrasse
Que quando me abraça
Você me desmonta?
E se você me dissesse
Que se enlouquece
Quando estou safada?
E se me surpreende-se
E fizesse algo
Que eu não esperasse?
E se você me adormecesse
E amanhecesse
E você partisse?
E sob a mesa posta 
Deixa-se um bilhete
Cheio de mistério?
Só pra na noite seguinte
Eu ouvir a porta
Com teu recomeço...

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Desastrino

E alguma noite
Sem nuvem
De estrela duvidosa
No semblante pálido
Do céu seco,
A agonia retorna.
Se não toda minha
Em meu âmago
Cresce e consome.
Se não fosse eu,
Quem mais seria?
Fecho os olhos com medo
O corpo cai de exaustão.
Deixei para o mundo
O simples ato triste
De suavizar tua aflição.
E quando a noite vem
E quando todos se deitam
A voz dos mortos
A voz dos vivos
O resto de tudo
O rés do mundo
Repousa em mim.
Ah, e aí me lembro
Daqueles tempos tristes.
O desejo de guerra persiste
Me imagino violento
Me imagino deprimente
E carente que fico
E consciente que sou
Me fecho em meu casulo
Me guardo em meu silêncio
E enfim me resigno
Ao destino que às vezes me ataca
E faz de mim quem sou...

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Lágrimas sauté

Você bagunçou meu caminho.
Fez intriga no meu coração.
Você disse que era sozinho,
E me fez curar tua solidão.
Você margeou por caminhos
Nunca vistos no meu coração,
E então semeou teus espinhos
Teus venenos de escuridão.
E agora não vou mais chorar,
À espera de uma ilusão...
Se esse amor se confessa sozinho
Se o pranto mistura-se ao vinho
Hei de me levantar desse chão...
Se esse amor se confessa sozinho
Se o pranto mistura-se ao vinho
Hei de me levantar desse chão...
Você disse que voltaria,
Que tua fuga era passageira,
Que essa briga era corriqueira
E que tudo merece perdão.
Você não me pediu desculpas,
Você não esqueceu tuas mágoas
E agora entre lençóis de linho
Você me põe em desatino
Esperando tua atenção...
Se esse amor se confessa sozinho
Se o pranto mistura-se ao vinho
Hei de me levantar desse chão...
Se esse amor se confessa sozinho
Se o pranto mistura-se ao vinho
Hei de me levantar desse chão...

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Jantar

A notícia chegou
Deslizante como
A poeira do barranco
Na chuva que cai.
A percepção chamou
Como aviso pueril
Do desavisado senil.
O seu coração cegou
O seu corpo estancou
E o sangue prosseguiu
Empoçando onde sangrou.
Fecha os teus olhos
Até que seja tarde da noite
E as lágrimas venham brotar.
Mantém tua desilusão
A cada colherada
Que escorre no molho do jantar.
E quando a dor vier
De repente num torrente
Pra te machucar
Abraça teu cor e te põe a chorar.
Vai, vai, vai, vai, vaivaivai...
Pra onde o seu se esvai.
Voa por entre almas perdidas
Encontre as mensagens
Que não quer enxergar.
Se você não desistiu
Por que parou de tentar?
Se você não voar
De mãos dadas
Quem estará no fim
Da estrada não importa mais...


quarta-feira, 13 de maio de 2015

Valsinha

Hoje eu cantei
No alvorecer.
O céu nublado veio envolver
De frio minhas asas plenas.
Hoje pensei
Em esquecer
Mas nesses tempos difíceis
Tenho que resolver.
Hoje eu chorei
Ao entardecer
Tudo parece tão mentira
Que pareço mesmo me perder.
Hoje eu pesei
Antes de sair
Tanta coisa está pendente
Preciso muito dormir.
E se o tempo não mudar?
E se o dia não passar?
O que devo escrever,
Se nada há pra esperar?
Que fazer pra não perder?
Que fazer pra encontrar,
O sonho perdido que não estava lá?

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Susannah no frio

Tudo o que eu disser,
Vai parecer piada,
Nessa estrada de sarcasmo
E mau humor.
Ontem eu li
Meu livro preferido
Dos dias tristes de chuva.
Mesmo assim não choveu.
Ontem me lembrei que às vezes
O meu coração desaba.
Meu nome é Susannah e eu,
Desejei ser amada,
Abraçada, despida, coberta,
Em mantas de lã.
Meu nome é Susannah e eu,
Disse estar ferida,
Banida, ressentida, rasgada, ferida,
Pra baixa da cama.
E sendo Susannah fechei meus olhos
Mas não chorei.
Por hoje não vale a pena.
Eu sou Susannah nascida,
Criada, amada e perdida
Nos desejos impolutos
Escrotos, perdidos, pré-concebidos
De sexo e amor.
Eu sou Susannah e hoje desabei
Um pouco mais em mim.

quinta-feira, 12 de março de 2015

Dia mais dia

Você mexeu o cabelo
Daquele jeito enquanto
Eu batia minhas asas
Contra o vento.
Você disse que meu argumento
Não traz mais sustento
Para essa fé.
Me pergunto desde quando
Não preciso estar mais de pé
No chão.
Você foi pra casa triste
E eu pensei que era desilusão.
Já pisamos tanto
Sobre a imundície
Das sarjetas desde então.
Você jurou que não voltaria
Mentia todos os dias
Só pra dizer que não haveria
Saudade em teu coração.
Você mexeu o cabelo
Daquele jeito que me lembro bem.
Eu bati minhas asas no escuro
Sem ser visto por ninguém.
A pouca luz que se acendeu
Correu por entre minhas veias
Construí teias de penas
Mil histórias de fascinação.
Amanhã teus olhos
Vão se abrir completos
Nos meios repletos de chiclé
Sabor melão.
Você não vai mais chorar
Porque teu tempo acabou.
E o vento das minhas asas já levou
A lágrima do teu abismo
Que floresce em meio
A tua escuridão.